Escrever é a única maneira de viver, não a minha vida, esta
vida que me escapa por entre os dedos a cada gole da minha sede. Escrever é
escreviver outras vidas, em outras dimensões, tempos paralelos.
Escrever é deixar no papel a impressão digital do ser que
somos.
Escrever é descrever o que pressentimos, o que dizem os
nossos cinco sentidos, mesmo que não faça o menor sentido.
Escrever é ato de amor, intimidade exposta, introspecção
devassada, solidão solidária.
Escrever é falar com quem não vemos, ouvir quem nada nos
diz, conversar com quem nos despreza, aprender com quem nada ensina, ensinar
coisas a quem não quer aprender nada.
Escrever é fugir, é voltar, é abrir uma janela, é fechar-se
em casa, é queimar a casa, é reconstruir a casa, é pregar-se na cruz, é
ressuscitar, é recriar o mundo.
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